O PARADOXO HUMANO
Marta
Desde eras priscas, o mundo nunca deixou de oferecer ao ser vivente os alimentos necessários à sua sobrevivência na Terra.
Animais e plantas têm se mantido no clima da predação e da fotossíntese, alcançando no próprio meio ambiente os recursos de que necessita para a sobrevivência de cada um.
A atuação do homem nesse particular tem sido um ponto de crucial importância, já que pode, por suas ações, interferir construtiva ou destrutivamente na mantença de florestas e rios, mananciais aquíferos e oceanos, impactando diretamente a cadeia alimentar de vegetais, corais marinhos e a fauna na sua imensa variedade.
Somente nos últimos duzentos anos, centenas de animais foram extintos pela ação predatória do ser humano, fazendo da caça um esporte para extermínio puro e simples de certas espécies.
Colossais jazidas minerais sofreram extração até o completo esgotamento dos veios do subsolo, sem contar as imensas áreas verdes que foram reduzidas a desertos inabitáveis.
Com o avanço colossal das ciências que buscam catalogar a vida no orbe terrestre, vai se descobrindo que nem só de pão vive o homem.
Nutrientes de natureza psíquica e emocional fazem parte igualmente de sua dieta, interferindo diretamente no seu bem-estar e equilíbrio, pelo que se não houver saudáveis relações humanas, o ser estiola e adoece, produzindo disfunções que o privam da saúde mental e emocional.
A nutrição do ódio o enlouquece.
A vaidade consome energias preciosas do ser, o tornando manequim da superfluidade.
A agressividade o ilha na redoma das agonias destruidoras.
O egoísmo o desidrata espiritualmente.
A descrença o seca interiormente, deslocando seus interesses da vida futura e o chumbando exclusivamente nas satisfações corporais.
A arrogância embrutece as relações uns com os outros.
Tanto quanto o ser humano busca preparar pratos requintados, onde os acepipes obedeçam a essa ou aquela cozinha regional ou internacional, os alimentos de natureza mental e emocional deveriam seguir idêntico cuidado, buscando selecionar atitudes e pensamentos que possam comprometer a saúde interior de bilhões de criaturas humanas.
Vive-se numa sociedade profundamente enferma nos tempos atuais.
Se o indivíduo exibe um corpo sarado, não porta-se como uma alma atrofiada.
Movimenta-se em academias de alto custo, mas nas atitudes e nos pensamentos opta pela matrícula na escola da vulgaridade.
Cultiva essa ou aquela crença religiosa por pura convenção social, ignorando a fé legítima, aviltando a dignidade do sagrado que diz abraçar.
Começa o dia no cultivo dos conflitos do ontem, menosprezando a higiene da alma na lixívia da prece e na nutrição de uma página consoladora.
Reza, repetindo palavras, com absoluto divórcio do coração na emoção da rogativa.
E em milênios de história, tem gravitado entre a incerteza e a dúvida, o medo da vida e o receio da morte.
Vive para comer e esquece de comer para viver.
Rotula paixões desgovernadas como amor.
Salva baleias que nunca viu e ignora o carinho do cão fiel dentro do próprio lar.
Proclama a liberdade, mantendo pássaros prisioneiros em custosas gaiolas.
Esse é o ser paradoxal dos tempos modernos.
Buscasse meditar e seria tragado pela recordação de Jesus, o maior ecologista da história.
Fez do meio ambiente seu espaço de convivência.
Usou dos cenários do mundo para lecionar amorosidade e integração do ser no concerto divino.
Abençoou as águas, dividiu o pão e incessantemente promoveu a alegria nos seguidores.
Jamais se rendeu ao sentimento doentio de seus opositores e adversários gratuitos.
Onde estivesse e com quem estivesse, ministrava uma lição com seu silêncio ou com suas atitudes.
Varou os séculos iluminando vidas e alimentando corações.
Ele… o pão da vida, a fonte da água pura e a seiva da árvore farta.
Seus pés estavam fincados no mundo e seus olhos não saiam das estrelas.
Perene comunhão com o Pai.
E tu, como vives presentemente?
De que te alimentas para acalmar tua sede de afeto e companhia?
Como nutres teu coração?
De tuas escolhas nas feiras da convivência dependerá tua saúde ou tua enfermidade, teu bem ou mal-estar.
Tudo te é lícito, mas nem tudo te convém, já afirmou com sabedoria o nutricionista da alma Paulo de Tarso.
Vai, aproveita qualquer minuto de silêncio ou solidão e nutre teu ser nos inesgotáveis reservatórios da abastança divina.
Aos filhos da luz cumpre desafiador papel no cenário mundial de tantos enfermos d’alma e do corpo.
É tempo de uma nova nutrição, onde o amor em suas múltiplas expressões seja a ambrosia da vida plena.
Em Deus nos movemos e em Deus nos nutrimos para a imortalidade.
Marta
Salvador, 27.01.2025
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