A passagem pelo escafandro orgânico é sublime oportunidade de aprendizado
Nem todos os dias serão róseos. Existirão dias cinzentos e plúmbeos nas existências que deixarão machucados sensíveis nas *carnes da alma.*
Nem toda madrugada é relaxante e refazedora como seria desejável. Muitas noites são tomadas de assalto por pensamentos sombrios e crises existenciais, mergulhando o ser em pavorosos pesadelos.
Em uma jornada pelo carro físico, curta ou dilatada, inumeráveis ocorrências podem se dar, criando bolsões de crise ou abrindo possibilidades luminosas, nem sempre aproveitadas pela imaturidade do aprendiz.
Incontáveis criaturas todos os dias deixam a vida material, regressando ao plano espiritual em lastimáveis condições por não terem sabido aproveitar as ocorrências diárias como alavancas de elevação e crescimento moral e intelectual.
Deixaram-se contaminar pela ilusão de uma perenidade corporal que nunca existiu e fizeram investimentos vultosos apenas na aparência orgânica perecível, olvidando por completo a essência imortal que são.
Como resultado, se viram desligados da máquina fisiológica aos impulsos dos insultos cerebrais ou das ocorrências trágicas, aportando no mais além quais náufragos após desastre marítimo de vulto.
Outros, consumiram a vida no lamento e na inconformação, esperando da Divindade aquilo que a Divindade nunca prometeu ofertar. Frustrados e rebeldes, igualmente se viram ejetados da cápsula carnal em pleno vigor da corporalidade, aterrissando nas vastas terras do mundo espiritual em bancarrota moral.
A passagem pelo escafandro orgânico é sublime oportunidade de aprendizado e serviço em favor do próprio ser, que reencontrará afetos e desafetos na caminhada. Com os primeiros, apertará mais ainda os laços do sentimento. Com os segundos, tentará romper os grilhões de animosidade, substituindo algemas por asas de libertação tecidas nas oficinas da amizade pura.
Raras existências são encerradas com pleno êxito. Os completistas de um tentame palingenésico são escassas exceções em meio a alguns que retornam ao país da luz em parcial triunfo moral. A esmagadora maioria retoma o caminho da casa divina em lastimáveis condições, despojadas do corpo em meio a intensas vibrações de inconformação, rebeldia e menosprezo das oportunidades recebidas.
Aconselharam-se com a ilusão e acordaram tardiamente do torpor dos sentidos.
Ouviram, embriagados, o canto da sereia e destruíram o revestimento material em insânias e abusos de toda ordem.
Qual hera sobre o muro da existência breve atiraram-se, alucinados, sobre o caudal das paixões e dos arrastamentos perniciosos, olvidando por completo que não estavam a passeio na Terra e sim em curso intensivo patrocinado pela vida, sob regências de leis que não podem ser fraudadas.
Adotaram crenças religiosas e delas fizeram passatempo para culto de ocasião.
Sorveram livros admiráveis, mas das páginas consultadas nenhum proveito tiraram para a existência efêmera.
Atravessaram crises e turbulências políticas, econômicas e familiares, de cujas lições poderiam entesourar valores para a vida eterna, mas fizeram livre escolha de uma vida libertina ou devassa, sem compromisso com a vanguarda que os acenava além do túmulo.
Se acreditaram inexpugnáveis na cidadela orgânica, fruindo todas as sensações materiais até a exaustão, indiferentes ao sofrimento alheio.
Travaram contato com a mensagem de Jesus, admitindo ser ela tão somente mero rascunho teológico para beatos e religiosos.
Ante a partida inadiável, suplicaram mais tempo. Frente a realidade da vida imortal que não quiseram admitir por presunção e arrogância, clamaram em desespero o abandono de tudo que juntaram, quais onzenários em surto alucinatório.
Filho da eternidade, se ouviste alguma vez o chamado do Bom Pastor, sê ovelha obediente. Por instantes breves, abandona teu castelo de fantasias e medita no sentido existencial. Avalia e reavalia tuas precárias aquisições.
Vieste sem nada. Regressarás igualmente sem coisa alguma do mundo, a não ser teus valores íntimos.
E entre uma prece e outra, reflete de maneira madura que onde estiver o vosso tesouro, aí também estará teu coração.
Marta
Psicografia de Marcel Cadidé Mariano
Centro Espírita Caminho da Redenção
Mansão do Caminho
Instituição fundada por Divaldo Franco e Nilson a mais de 75 anos
Marcel também é trabalhador da Federação Espírita da Bahia a mais de 37 anos
Salvador, 22.02.2021

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Fonte: Assessorias de Imprensa

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