PAINÉIS DA HISTÓRIA
Marta
Em observando os imensos painéis da história, vislumbraremos períodos onde cada cultura se deixou levar por uma característica de época.
Séculos que pareciam intermináveis, onde o carro de guerra fez correr rios de sangue.
Despotismo de reis e sátrapas, a dominarem com mão de ferro vidas e recursos monetários vastos.
O tempo da religião predominando nos seres, lhes impondo o fanatismo e a alienação, muito bem urdida pelo sacerdócio remunerado.
A escravidão reinante em muitos reinos e impérios, reduzindo o ser à condição de simples alimária, esmagando a ânsia de liberdade.
A estreita visão científica, empanada pela crença cega e pela ditadura da teologia, impedindo o esclarecimento das massas de povo.
Lentamente, foram desidratadas pelo progresso, pela cultura e pela imprensa, que foram dissipando o véu que ocultava a verdade dos olhos vendados.
E de uma sociedade agrícola, avançamos para uma comunidade agrária, pastoril, sedentária, produtora de recursos que foram fundamentais para arrancar o ser da extrema pobreza e ignorância.
Escolas se fizeram beneméritas, liceus amplificaram a educação, a arte ganhou corpo nas academias e a filosofia subiu nos tablados para o discurso da iluminação.
A mitologia cedeu terreno ao pensamento religioso. O Olimpo se esvaziou de deuses frios e insensíveis, passando a vigorar um pensamento mais centrado na busca do sagrado e da descoberta das divinas leis.
O antropomorfismo ancestral foi substituído pela crença na existência de um pensamento diretor universal, a gerir o concerto da vida, da bactéria às galáxias.
Este salto não foi fácil, custou muitas vidas e pagou preço alto ao se propor substituir um pensamento arcaico pela modernidade.
Agora, vive-se o tempo das mudanças bruscas. A filosofia que vige numa manhã brilha até meio-dia, fenece de tarde e sucumbe à noite. A moda dura uma estação. Hábitos vão de domingo a domingo.
Modelos surgem nos palcos da mídia, inspirando vidas vazias, e pouco tempo depois desaparecem, tragados pelos escândalos de uma época de facilidades jamais vista.
Têm-se a nítida sensação de que tudo é passageiro, mas cada um se agarra como se aquilo fosse para sempre. Não seja de estranhar a frustração galopante que assalta milhões de vidas, debilitadas por não poderem fruir todas as sensações no mesmo pacote.
Ânsia de se estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Brilhar, reluzir, até ofuscar o outro.
Entretanto, observa-se que diversos mecanismos da vida passaram a funcionar como exaustores dessa crise moral e existencial que esmaga os indivíduos.
O tédio destruidor, o desencanto com a abundância, a inconformação com as injustiças, a ansiedade, os estados depressivos.
Agitando o escopo da ciência, o homem descortinou mundos e entreviu o infinitamente pequeno, bem como se deslumbrou com as vastidões cósmicas.
Agrediu o átomo e fez a bomba.
Examinou o neutrino e concebeu novas concepções de energia e matéria, mas na casa planetária onde se esconde, arrasta seus dramas íntimos, tentando fugir de si mesmo.
Aplaudido na rua e criticado em casa. Modelo para as massas inconscientes e refém de torpezas morais junto aos familiares.
Sorri para as redes sociais e chora escondido no escuro do quarto.
Adquire e mora em imóveis de alto luxo, mas intimamente segue vazio e solitário.
A crença religiosa, em muitos casos, é puramente formal, sem mergulho nos valores profundos da alma.
De onde emerge esse Espírito, que tem, mas não consegue ser?
Como auxiliar tantos foragidos do autodescobrimento?
Em que veia ou artéria inocular esperança nos desesperados, otimismo nos derrotados e paciência nos ansiosos?
Entre tantos outros, estes são desafios dos tempos modernos, assinalados de glórias do intelecto e misérias comportamentais.
Safras abundantes. Almas famintas de paz.
Luzes artificiais em toda parte, mas por dentro incontáveis caminhantes em sombras espessas.
Comunicações à mancheia, e o bloco dos solitários nunca foi tão grande.
Amigo da senda, em te enxergando nesse ou naquele precipício de lutas e dificuldades, tem a coragem de frear teu carro evolutivo e submeter teus rumos à rigorosa análise, onde possas selecionar tuas prioridades.
Recorda-te de Jesus. Tens joio e trigo à tua disposição, desde já ciente que somente um deles se faz pão.
Alguma dúvida?
Marta
Salvador, 16.11.2023
Centro Espírita Caminho da Redenção
Mansão do Caminho
Psicografia de Marcel Cadidé Mariano
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