CHOQUE DE GERAÇÕES
Marta
Um grande choque de gerações parece patente aos olhos dos estudiosos da atualidade.
Observa-se, com crescente preocupação, pais se queixando da rebeldia de filhos, cônjuges em visível incompatibilidade de gênios, amigos de infância romperem sólida amizade por questiúnculas políticas e torcedores de times de futebol se engalfinharem em conflitos de rua antes e após os jogos, com lamentáveis cenas de violência gratuita, que o Estado muitas vezes não consegue conter com suas forças de segurança.
Tem-se a impressão que duas humanidades ocupam o atual cenário terrestre. Uma, está profundamente ajustada ao ritmo tecnológico, sedenta de novidades eletrônicas, refém de equipamentos e aparelhos de comunicação portátil e redes sociais, onde extravasam seus conflitos e depositam suas utopias.
A outra, está detida no pretérito, agindo conforme padrões de conduta recebidos de família e segundo modelos de comportamento do qual não admitem abrir mão.
Em tempos de imensas liberdades individuais e coletivas, a mulher conquistou espaços jamais sonhados em diversas áreas, encontrando parceiros que ainda as têm como simples objetos de prazer, assumindo posições de retaguarda e destinadas unicamente a atenderem caprichos do ego masculino em tresvario. O resultado desses confrontos está estampado na mídia diária.
Feminicídios cruéis, crimes hediondos e famílias destroçadas.
Avós criando filhos e terminando a existência educando também os netos, ante a imaturidade de descendentes que buscam a beleza, o dinheiro e, que não conseguiram forjar famílias equilibradas, retornando ao lar dos genitores com sua prole, buscando o velho ninho de onde um dia voaram para uma carreira solo, que redundou inexitosa.
Religiosos de mentalidade estreita, se valendo da condição de condutores da massa aflita para ditarem normas de conduta que não seguem, em flagrante contradição entre o que pregam e o que fazem na vida privada.
Por toda parte, os embates de gerações, abrindo perigosas fendas e fissuras num tecido social por si só já muito frágil, gerando tensões que explodem em guerra não declarada entre homens e mulheres, religiosos de crenças distintas e mesmo motivando conflitos armados de consequências imprevisíveis. Não falta ajuda.
Sociólogos, psicólogos, estudiosos do comportamento social, terapeutas vários são chamados a teorizar, opinar e esclarecer as causas dos confrontos, das pelejas, tentando apontar cada um a saída ou alternativa para esse fenômeno antropológico de vulto. Inegável reconhecer que a Divindade, em tempo algum, produziu cópias humanas.
Mesmo quando os gêmeos são idênticos, suas aptidões e gostos são distintos, deixando claro que são almas diferentes.
E pelos laços do espírito é possível a convivência fraterna, onde a amorosidade substitua a hostilidade gratuita.
Buscar desenvolver a tolerância em todas as áreas da convivência, aceitando o outro como o outro logrou ser. Buscar aproximação pelos pontos de vista comuns e não envenenar as diferenças, nelas inoculando a peçonha do anátema, da rigidez e da agressividade.
Resgatar o diálogo onde se ouça sem julgamento e se fale sem imposição.
Atentar que estamos todos no mesmo barco planetário, buscando a felicidade, que não adentrará as almas se as portas do coração estiverem cerradas. Mesmo que não se compartilhe das ideias cristãs, se permitir examinar, sem arrogância, que o Cristo permanece o modelo e guia que igualmente experimentou o choque de gerações.
Conviveu pacificamente com idéias retrógradas, aceitou pernoitar em lares onde o pecado fazia morada, dialogou com pessoas nitidamente criminosas e partilhou na última ceia com um traidor, um negador e acovardados os demais, deles fazendo sua base para construção da Nova Era.
Torna-te simpático a quem pensa diferente. Teus pensamentos não são melhores nem piores do que aqueles que caminham contigo, igualmente pensando. São diferentes.
Se te aceitas como és, as críticas não te ferirão e os elogios não te farão soberbo.
Procura melhorar-te a cada dia, convivendo em paz com qualquer geração que te cerque os passos.
Ele, acima de qualquer outro habitante da Terra, te conhece, te aceita como és e investe em ti, na certeza de que amanhã será outro dia…
Marta e Henrique de Luna
Centro Espírita Caminho da Redenção
Mansão do Caminho
Psicografia de Marcel Cadidé Mariano
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