A CAIXA DE PANDORA
Marta
Nos alfarrábios da velha mitologia grega, consta que Epimeteu, irmão de Prometeu, ambos titãs, eram muito próximos, tendo o segundo modelado o primeiro homem, se valendo da argila molhada.
Vagava este ser pelo mundo na absoluta solidão, quando Júpiter encarregou Vulcano de criar uma segunda criatura, que fizesse companhia ao homem no mundo. Ao lado de Minerva, o hábil artesão esculpiu uma mulher, a quem deu o nome de Pandora. Portadora de cativantes olhos azuis, fascinou de imediato o Supremo Júpiter quando foi a ele apresentado a soberba criatura.
Chamando-a a um canto do salão real, Júpiter entregou-lhe uma caixa, lindamente decorada por fora, recomendando que levasse o presente ao mundo dos mortais, mas nunca abrisse o invólucro em tempo algum.

Desceu Pandora aos cenários terrestres, mas possuída de curiosidade doentia, relutou muito em não devassar o curioso objeto, até o dia em que teve um sonho de rara beleza e, ao despertar, descerrou a tampa miúda e de dentro da caixa saíram os males, os vícios e todo um cortejo de infortúnios que passaram a fazer parte da natureza humana.
No fundo da caixinha, ficou um rosto, que interrogado pela desavisada criatura, respondeu chamar-se Esperança, a última que fica.
Tomando de empréstimo o curioso relato de natureza mitológica, indiscutível constatar que no presente cenário da vida humana apresentam-se muitos males, ocorrências malsãs, infortúnios diversos, pragas.
Dia após dia homens e mulheres se vêem a braços com catástrofes, mazelas, ocorrências contrárias aos sonhos e os pesadelos se sucedem, num contínuo de maus augúrios. Do berço ao túmulo tem o ser que lutar continuamente contra as ocorrências contrárias aos desejos, como se fossem fantasmas conspirando contra a felicidade.
