Quando tua bússola no mundo perder o contato com os pontos cardeais

EXPERIÊNCIAS DE CRESCIMENTO

Desde os tempos mais recuados da história, sempre o ser buscou aconselhamento naqueles que detinham o poder ou a sabedoria.

Oráculos, profetas, filósofos e pensadores religiosos passaram a servir de guia e mestres aos aprendizes da verdade ou simplesmente aos peregrinos nas trilhas da vida.

Quando se acumulavam as interrogações e as incógnitas do destino se faziam graves e insuperáveis, o ser buscava um santuário afamado, um anacoreta em floresta bravia ou subia montanhas atrás de um homem santo, que optara por meditar longe das inquietações das massas.

O anseio era análogo. Encontrar respostas, elucidações para os desafios do destino, a ponte que os pudesse levar à felicidade e a extinção do sofrimento.

Quando muito, os ditos arautos possuíam frases de efeito, conselhos no campo moral ou multiplicavam as perguntas, inquirindo o que o consulente estava fazendo de bom para merecer o alvitre dos deuses.

Quase sempre existia o petitório sem méritos na retaguarda, a indagação com interesse de vantagens indevidas ou a ânsia de encontrar o elixir da longevidade, onde pudesse deter Cronos e se forrar à morte.

São milhares de séculos nesse eterno vício de reclamar da Divindade vantagens e soluções eficazes, sem a contrapartida do próprio esforço.

E nos tempos presentes, observa-se intensa agitação das massas de povo em torno dos gurus contemporâneos.

Livros com receitas prontas de felicidade conjugal. Autoajuda com simpatias materiais para satisfação da Providência Divina, quais filhos pródigos, a exigir do Pai um cheque em branco para as extravagâncias no mundo.

E sacerdotes e palestrantes, escritores e pastores, guias espirituais e oráculos da internet foram alçados à condição de conselheiros infalíveis, a quem se recorre a qualquer momento, buscando orientação para qualquer circunstância menos agradável da existência.

A capacidade de se examinar a si mesmo periclita. A viagem interior é evitada para que não se amadureça no governo das emoções. A terceirização dos insucessos prossegue sendo uma válvula de escape das próprias responsabilidades.

Em nosso derredor, não faltará quem possua conselhos para dar. Pais orientam filhos, tutoriais tiram dúvidas dos internautas, livros dissipam a ignorância, receitas indicam ingredientes e como proceder para que a iguaria desejada se materialize na mesa, entretanto, se o conselho ajuda e se a dica aclara, imprescindível a movimentação de braços, pernas e cabeça na concretização da ideia.

O mapa pode informar com precisão latitude e longitude, mas a distância terá que ser transposta pelo caminhante.

O conselho pode elucidar onde a relação afetiva naufraga e iluminar o resgate do afeto, mas sem mudança de conduta e respeito aos valores do outro, as indicações propostas não passarão de medidas em trânsito para a inutilidade.

O sonho, algumas vezes, adverte o indivíduo de perigos que lhe rondam o psiquismo, mas para que a ameaça seja neutralizada se pede, no mínimo, que o sonhador desperte das próprias ilusões, se mantendo em vigilância dos próprios atos.

Pessoa alguma desconhece que a Inteligência Maior socorre os filhos da criação através dos irmãos de jornada ou de instrumentos suscetíveis de nos despertar da letargia ou da ingenuidade, das paixões cegantes ou dos arrebatamentos perniciosos, mas em lugar algum está escrito ou sacramentado que os anjos nos substituirão nas experiências de crescimento e aperfeiçoamento que se fazem indispensáveis ao lapidar do caráter e dos sentimentos.

O caminho está posto, mas o peregrino deve caminhar com os próprios pés. A oração balsamiza, renova e fortalece, mas não retira o aluno da sala de aula nem fornece cola para o discente preguiçoso.

O guru de hoje foi discípulo ontem. O anjo de agora foi átomo num passado remoto.

Quem agora aconselha-te, outrora foi aconselhado. Se hoje pode te ouvir com serenidade e te falar com sabedoria, tem no currículo mossas e cicatrizes, dores e espinhos. As estradas que vais percorrer, ele já as concluiu.

Quando tua bússola no mundo perder o contato com os pontos cardeais, diminui tua marcha e ora. Sorve a linfa da meditação e ergue os olhos para os céus, abrindo teus ouvidos ao escutar da vida plena. Do alto, Jesus te dirá para onde ir e o que fazer.

Ele, teu maior conselheiro nas horas difíceis.

Marta
Centro Espírita Caminho da Redenção
Mansão do Caminho
Psicografia de Marcel Cadidé Mariano
SALVADOR/BA
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